«Fomos traídos.»
«Fomos esquecidos.»
«Não quer saber de nós.»
«Estamos no lixo.»
Esta era a consciência geral na pequena comunidade.
Todos os dias eram iguais, enraizados numa nostalgia negra e dolorosa e regados de lamentos, suspiros e desejos amargurados.
Reinavam a desilusão, a tristeza e a revolta em todos os corações daqueles brinquedos.
Quer dizer, em todos, menos num.
A boneca Rafaela não partilhava destes sentimentos.
O seu permanente sorriso e as suas afirmações dilaceravam por completo toda a panóplia diária de lamentações.
Foi a primeira boneca da Madalena e a sua fiel companheira.
