Há qualquer coisa de encanto no provincianismo beirão criamoso (criador), afinal tão achegado ao culto creanimem latino – criação!
Criaturas que também são, as palavras têm a sua infância, e dão-se e pegam e crescem e produzem, a par da humanidade.
Colher os frutos de vários sabores verbais foi a paciente e alegre tarefa de Daniela Sousa Pinto. Enchidos que foram “dois cestinhos”, amarrou-lhes na asa uma etiqueta: “As Tolices da Mamã”. Também nisto, o fino trato do tacto. Começamos com tolices e acabamos a fazer asneiras. E como é diferente a pele de uma e de outra palavra! Que toque delicado, na primeira! Toque, esse, que se transmite a Mamã.
Eis por que cada uma das cantilenas é um escrínio com palavras de cútis muito delicada, macias como pó de talco. E os versos são – diz Daniela Sousa Pinto -, “momentos de partilha e intimidade com os meus filhos. São quadras que foram saindo entre a birra e a papa, entre a brincadeira e a necessidade de chamar à atenção. Do que o mundo precisa é de crianças felizes ; a ideia é fazê-las sorrir”.
Este livro tem dois autores-inspiradores: a Ana André (6 anos) e o Henrique (4). E uma só intérprete: a mamã Daniela Sousa Pinto. O cenário é a segunda casa, o mundo da criança, onde se representa o maior e o mais fantástico teatro da vida. Porque a primeira casa, essa, foi o ventre da Mãe, o pórtico dos ensaios da música das palavras.